sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Exclusivo: Apresentadora do RJ InterTV, Érica Pinheiro, desabafa sobre a tragédia na Região Serrana

Em um relato emocionante, Érica Pinheiro dividiu com o InterTV Clube essa experiência:

"Passa da meia noite. Acabo de voltar da ilha de edição.
Tendo que selecionar trechos, editar as falas, recortar o “irrecortável”... tropeço nos soluços, no choro, no indescritível da dor: o avô reconhece o corpo do neto e abraça sua mais absoluta impotência diante do fato; a mãe se esvai em desespero e procura entre a lama e o entulho um caminho pra chegar até onde acha que possam estar os filhos.
As pessoas vão e vem... sem ter pra onde. Perdidas no inevitável.
Do meu lado, choram os que perderam amigos... não tem notícias de parentes. São 12 anos no jornalismo diário, presenciando muitas dores e dramas. Nesse tempo nunca vi algo parecido, dor tão cortante, tragédia tão desmedida e tão próxima. Até agora são 506 mortos. Os IMLs das cidades atingidas não comportam  tantos. No improviso, as escolas recebem os corpos até o reconhecimento das famílias. As salas de aula guardam a imagem da fragilidade diante  do que já era previsto. O anunciado reverbera na voz de quem procura, se queixa, chora aquele que se foi.
O que consola é encontrar entre os desesperos tão humanos a mão que se estende,  a força que resgata na correnteza, a união que salva o bebê entre o concreto do prédio que está no chão. O que fica, além da garganta seca e da alma comovida, é a crença maior de que os recomeços são possíveis por meio de algo que ainda não tem nome, mas tira o sono, dá força as mãos, move todos em momentos de dor e está ali... bem presente... nas entrelinhas da solidariedade."
Érica Pinheiro
14/01/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário!